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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Construção civil sente efeitos da crise e fecha vagas de emprego





Sem novas construções, setores de material e equipamento fecham vagas. Uma obra gera em média 6,5 mil empregos diretos e indiretos. A taxa de desemprego é resultado de uma reação em cadeia na economia.

Foi fugindo do desemprego que Wanderson deixou a família lá em Juazeiro, na Bahia, e foi parar em São Paulo. O filho mais novo, de um mês, ele só conhece pela foto.“Meu objetivo é esse, criar meus filhos e fazer minha casa, viver no Nordeste a vida toda”, conta Wanderson da Silva Lima, ajudante-geral.
Mas o sonho dele enfrenta uma ameaça crescente. A obra que já teve 800 funcionários, hoje tem 400.


O efeito da crise é rápido. Sem novas obras públicas, com poucos prédios sendo construídos pelo país, o setor da construção civil é um dos que mais viram empregos desaparecerem. Este é o último elo que se espalha pela cadeia da economia.
Só para erguer uma obra, 300 empresas fornecem equipamentos e materiais como esquadrias de alumínio. Elas são feitas numa fábrica, que já teve 170 funcionários, hoje tem 90.
“Aqui nós tivemos que demitir não só os funcionários de base, mas já os funcionários de nível médio, porque não há lançamentos, não há pedidos, não há concorrências”, afirma Raul Costa Júnior, presidente da Cosbiem.
A redução nos pedidos contamina o próximo elo da cadeia, o fornecedor de matéria-prima, como por exemplo, uma fábrica que produz o alumínio.
“Nós produzimos os perfis para a construção civil, basicamente para esquadrias, janelas, portas etc. Nós chegamos a ter 450 empregados, hoje nós temos em torno de 250 empregados”, diz Ricardo Carvalho, presidente da Companhia Bras. de Aluminio.
Essa corrente também funciona de forma positiva. Quando o canteiro de obras volta a se encher de operários, isso significa que outras empresas também estão contratando. A dúvida é quando esta imagem vai se tornar uma realidade mais frequente.
Só uma obra gera 6,5 mil assim gera empregos diretos e indiretos. Por isso, muitos especialistas e representantes do setor defendem que investimentos, principalmente em obras públicas, são um remédio de rápido efeito sobre o desemprego.
“É a base da pirâmide, emprego imediato para quem mais precisa de emprego”, diz o diretor da construtora, Milton Bigucci Junior.
O especialista em emprego, José Pastore, também defende mudanças nas regras trabalhistas:

“Deixa as partes negociarem porque elas podem impedir que o desemprego cresça. Uma coisa é reduzir o desemprego, outra coisa é impedir que ele cresça. As duas tarefas são tão importantes como qualquer outra na retomada do crescimento brasileiro”, diz José Pastore, professor Relações de Trabalho da USP.
“A gente que é pai de família, nosso porto seguro é o trabalho. Se não tiver o trabalho, como é que a gente faz?”, questiona Ricardo Ramos, serralheiro.

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